o que seria um museu? para mim um lugar de coisas antigas (nem sempre), que em sua maioria não pode ser tocada, que armazena um grande conteúdo, para contextualiza-lo deve-se estudar, ou apenas ler um pouquinho nos folhetos que descrevem a exposição assim que você entra no local.
hoje, ao visitar o museo del prado (madrid) e ver uma exposição de 90 quadros de rubens (pintor barroco da escola flamenca), me detive quase que dez minutos sentada observando além das obras, pessoas que paravam para admirar essas relíquias. pude ouvir um pouco de inglês, italiano, espanhol, francês, português, alemão, e mesmo com toda essa mistura de culturas, naquele instante e sem palavras, todos expressavam a mesma admiração, uns em tom de voz baixa como se fosse um lugar sagrado, outros com sorriso nos lábios demosntrando a alegria daquele momento, alguns compenetrados tentando observar detalhes, franzindo testas, coçando cabeças, quem sabe em suas mentes tentando desvendar a alma do pintor retratada naquela gravura, outros queriam compartilhar seus achados como se nunca ninguém tivesse visto, pois para ele era a coisa mais importante ter observado aquele detalhe. e por falar em detalhes, museu é um lugar de detalhe, minuciosidade, encontrar no imenso a delicadeza.
alguns se perguntavam, mas de que idade é mesmo, qual período, qual o motivo da cor e dos traços tão marcados? poderiam não ter respostas para todas as perguntas, mas com certeza puderam ver alguns detalhes.
quando observei tantos mundos diferentes descritos em cada pessoa, notei que mais uma definição deve ser agregada ao museu: união, sem importar origem, crença ou qualquer diferença, todos estavam ali contemplando, de maneira civilizada, formando praticamente uma fila indiana com cordialiadade para não atrapalhar os olhos daqueles que observavam anteriormente as obras mais concorridas. além da força da exposição, senti aquela corrente unindo pensamentos, fazendo descobertas. pode que nem todos estejam completamente inteirados do contexto histórico que essas obras continham, mas com certeza o ato de conhecer, descobrir, dá ao obsevador a sensação de preenchimento.
não pude tocar, nem tirar fotos, praticamente não houve tempo nem para tomar notas de tantos detalhes, mas aquele cheiro, a força e a imagem gravada na mente tira a importância, naquele momento, de todos os outros sentidos.
depois dos 10 minutos, notei que o momento de encerrar a visita estava chegando, e o museu estava prestes a fechar as portas, para que tanto conteúdo observado por tantos séculos, pudesse descansar até a próxima visita.
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